Música – Linguagem Universal
Para o psicólogo Steven Pinker, a música é comparada como uma guloseima auditiva, criada para “pinicar” áreas cerebrais envolvidas em funções consideradas importantes.
Atualmente algumas pesquisas têm mostrado que a música conduz certas emoções de forma consistente, quando verificado que pessoas diferentes, em uma sala, sentem as mesmas emoções quando tocada as mesmas músicas para elas. Evidências também apontam que a música faz aflorar respostas previsíveis em pessoas de culturas diferentes, com capacidade intelectual e sensorial variadas.
O neurologista Oliver Sacks afirma que “a música parece ser a forma mais direta da comunicação emocional, uma parte importante da vida humana, como a linguagem e os gestos”. Estes tipos de comunicações conectam emocionalmente as pessoas, e reforçam os vínculos.
Os ritmos podem facilitar as interações sociais, como dançar ou marchar juntos, tornando as relações mais sólidas. Os tons alteram nosso humor, e governam emoções como medo, alegria, tristeza.
O córtex auditivo, é o responsável pelo processamento dos elementos musicais mais básicos, como altura, volume. Já as áreas auditivas secundárias vizinhas se encarregam dos padrões mais complexos, como harmonia e ritmo.
A música excita locais cerebrais responsáveis pelo entendimento e produção da linguagem.
A melodia tem o poder de mediar a comunicação emotiva. Quando uma música é composta, não é apenas a expressão do que o compositor está sentindo, como também faz com que o ouvinte sinta o mesmo, e algumas pesquisas indicam que a música conduz à emoção pretendida para os que a escuta.
Tom Fritz, neurocientista, fez um experimento, no qual, colocou pessoas do grupo étnico Mafa, de Camarões, que nunca tinham ouvido música ocidental, para ouvir peças clássicas de piano. Este grupo identificou as peças como animadas, melancólicas, ou capazes de causar medo, da mesma forma como os ocidentais as classificaram. O que nos remete à idéia de que uma música tem a capacidade de transmitir emoções independentemente da cultura.
Outra experiência foi feita com crianças autistas, e os pesquisadores pediram para que elas fizessem associações entre a música ouvida e emoções, e foi descoberto que a capacidade de identificar sentimentos independia do comprometimento nas habilidades socioemocionais, como expressões faciais, por exemplo.
A música possui informações que propagam respostas emocionais específicas no cérebro, independentemente da personalidade, gosto ou treinamento. Ela também possui benefícios sociais, pois em diferentes culturas, as pessoas cantam hinos em rituais religiosos, cantam juntas, dançam, embalam as crianças para dormirem, participam de corais, enfim, diversas atividades musicais que aproximam as pessoas, talvez por criar conexões empáticas entre os membros destes grupos. Zatorre, diz que o ritmo pode funcionar como uma cola social que favorece a ligação física entre as pessoas. Há estimulação do sulco temporal superior, o que indica que a música pode construir laços sociais.
Ritmos alegres, tensos ou empolgantes podem excitar fisicamente o ouvinte, gerando respostas fisiológicas de luta ou fuga: taxas cardíacas e respiratórias aumentam, suam, aumenta a adrenalina no sangue. O que pode explicar porque as pessoas preferem fazer exercícios físicos com este tipo de ritmos, além da distração deixar o exercício mais divertido. De um modo geral, melodias energizantes, tendem a deixar o humor melhor, criando sensação de empolgação e despertando quando com sono ou cansado.
Ritmos tranquilos também exercem sua função orgânica, ao diminuírem os níveis do cortisol (hormônio do estresse), aliviando a dor (quando ouvimos uma música que gostamos muito) e diminuindo as taxas cardíacas e respiratórias, acalmando e relaxando o ouvinte.
Bebês recém-nascidos também têm sua região cerebral alterada conforme os adultos, o que leva aos estudiosos a crerem que o cérebro já nasce pronto para processar a música.
Para Sacks, talvez a música seja a forma mais próxima da telepatia.