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Canibalismo – parte 2

Continuando o post anterior da série Canibalismo, falaremos também das mais comuns expressões de amor como o ato de beijar, lamber,  morder, chupar que tão comumente fazem parte dos repertórios de pessoas que possuem proximidade e intimidade, e que denotam a vontade de possuir o outro, de tê-lo “dentro de si”. Esse desejo de ter a pessoa em si transparece nas palavras como “gostoso”, “comer”, “devorar”. Sendo que esta fantasia também está presente nas fábulas e histórias infantis, como a história da Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau.

Devemos também mencionar o técnico de informática alemão Armin Weives que divulgou na internet o anúncio procurando um interessado em ser morto e devorado logo em seguida. Bernd Juergen Brandes foi o interessado em questão, que respondeu ao anúncio e marcou um jantar com Armin. Mas antes de ser assassinado, esquartejado, comido vagarosamente durante os dias seguintes, ele também provou de seu próprio corpo, e a parte selecionada foi seu pênis. Este crime, filmado e cometido em 2001, levou à prisão perpétua Armin, que ficou conhecido como o canibal de Rotemburgo e confessou que fez tudo isso por motivação sexual. Estes rituais são mais comuns do que podemos pensar.

Mas quando este canibalismo, inerente em nossas relações, se converte em crime, a raiva e agressividade geralmente estão presentes. No caso que mencionamos acima, Armin disse que tudo foi: “como um casamento, algo que o alçou a uma condição sobrenatural… Eu tinha a esperança de que ele se tornasse parte de mim” . Diversos casos de antropofagia possuem conotações sexuais, e representam o “ponto final da evolução perversa sexualmente sádica”.

De acordo com o psiquiatra e psicanalista Robert J. Stoller (1924-1991), da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em Los Angeles as raízes da perversão sexual estão no desenvolvimento, na infância, quando a criança começa a se separar do corpo da mãe, pois antes ela era uma coisa só com a mãe. No ritual antropofágico perverso esse elemento se projeta em um objeto que precisa ser destruído.

A pessoa sádica sente prazer em dominar totalmente seu objeto sexual. Através de humilhações, e situações degradantes ela eleva sua posição ao que equivale a divindade. Demonstrações de raiva e de ódio “despersonalizam” o outro. E quase sempre isso leva a atos violentos e obedece a regras que são restritas.

Os psicólogos Bruce A. Arrigo e Catherine E. Purcell, da Escola Califórnia de Psicologia Profissional em Fresno crêem que os traços de sadismo vêm de experiências de violência e de humilhações vividas na infância e na adolescência, mas se intensificam com influências sociais e/ou genéticas. Acredito que seja importante frisarmos que “experiências negativas durante a primeira infância podem promover alterações neurobiológicas muitas vezes irreversíveis” e também é possível que anomalias já existentes no cérebro interfiram no desenvolvimento psíquico.